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quinta-feira, 12 de março de 2015

Primeiro Amor - Parte 10

No dia da cerimonia, um chororô, não era emoção. Era uma discursão, eu iria ou não entrar de véu? Já não estava em clima de festa por motivos óbvios.  Mas já que iria acontecer pelo menos eu queria ter a escolha de não usar luvas e véu! Me desculpe se você gosta, mas eu não!

Mamãe ficou sem entender meu choro repentino, mas para me salvar de ter que explicar, minha madrinha de casamento, minha amiga, que sabia da situação, falou por mim. 
Joice: A senhora não sabe porque ela tá chorando? 

Mamão: por causa de véu, que besteira.

Joice: Não é por causa do véu e das luvas. A senhora sabe que ela não queria casar.  

Só confirmei o que ela disse com um  olhar. Sou grata até hoje por isso.

Eu estava com 19 anos de idade, o tempo não perdoou. Não tinha capacidade de fazer meu marido feliz. Eu também não era.  Mas éramos bons atores.

Havia um abismo de diferenças entre nós que só me faziam lembrar em todas as sequências de erros da minha vida. Poderia ter iniciado minha vida sentimental depois dos 20, mas coloquei a carroça na frente dos bois e tudo desandou. 

Nesse tempo morávamos no Estado do Rio de Janeiro, nos primeiros oito meses de casados ele já falava em separação e eu tinha tanto medo dessa palavra. Afinal, engoli tanta coisa pra estar casada que não cogitava o divórcio.  Foram alguns pratos de comida jogados no lixo, alianças sendo arremessadas pela janela do apartamento, controle de onde eu podia ou não trabalhar, cobranças e exposições fúteis nas redes sociais... Mas tudo tem limite, depois de dois anos, um dia esgotei e não ameacei, eu fiz!

Em outubro de 2012 voei para o Pará, fui pro interior, para a casa dos meus pais a passeio, era o que todos pensavam. Nos dias seguintes avisei pro meu marido que não iria mais voltar.

Meus pais, inicialmente aceitaram a ideia da separação porque pensavam que estava apenas dando um susto no meu marido para tentar melhorar algumas atitudes dele. Quando perceberam que eu não queria concertar nada, que apenas queria o fim, começaram todos os conflitos antigos novamente. 

Paralelo aos acontecimentos no meu casamento, Bruno estava na minha vida através das redes sociais. As vezes conversávamos como se fosse possível ser apenas amigos. Quando voltei, marcamos um passeio, entre amigos. Ele tentou ficar comigo, apesar de querer muito, naquele dia resisti. Não, não era por causa do meu casamento, era porque o Bruno tinha namorada.

Eu a conhecia, na verdade éramos todos amigos desde o inicio de toda essa historia...quando descobri o relacionamento deles, não vou mentir, me incomodei. Pensei: poxa ela sabia do tanto que gostei daquele garoto, não tinha outro pra ela namorar? 
No entanto, ó que fala, a pessoa casada com recalque do namoro de indivíduos totalmente livres (que hipócrita). Torci por eles até o Bruno começa de gracinhas...estava saturada da minha vida e comecei a torcer por mim. 

Depois de negar suas tentativas, disse que ficaria com ele, se, se ele terminasse com a garota. Eu gostava dela. Na minha cabeça aquilo era eu tendo consideração. Cinco anos sentindo falta dele, me permiti fazer o que eu queria, não o que os outros esperavam de mim. Tive essa conversa com Bruno pela manhã, e a noite ele me ligou dizendo que havia terminando o namoro. Nos dias seguintes me preparei e me encontrei com ele na capital. Redescobrir o gosto do seu beijo foi totalmente extraordinário! Nem imaginava que iria gostar tanto. Ficamos por horas conversando, trocando carinho e nos beijando. E caraca, eu só pensava, não lembrava que ele beijava tão bem! Talvez não beijasse mesmo (risos), afinal,  a gente tinha 14 anos no ultimo beijo.  Não queria que aquele passeio terminasse. 

Mais uma vez foram dois meses perdidos... no meio do processo descobri coisas que o Bruno me escondia. A ex-namorada dele fez questão de me revelar, obvio que ela descobriu que eu estava me separando para ficar com o namorado dela. Foram coisas suficientes para que eu desistisse de me separar e o deixasse sem noticias minhas. Parei de falar com Bruno e todos os planos e juras viraram lembranças, de novo.

Não pedi para que o Bruno deixasse sua vida de solteiro,  afinal eu ainda estava casada, mas exigia verdade em tudo, principalmente se ele estivesse envolvido com outras pessoas. Advinha só? ele preferiu esconder.

Após acompanhamento conjugal consegui levar o casamento adiante. Comecei a fazer uma lista e pensar prque eu não conseguia ser feliz com meu marido. Me pareceu razoável confessar nosso pecado aos pastores da igreja, vai que era isso que tava atrapalhando nossa felicidade? Era algo que nunca tínhamos falado pra ninguém, e que era o motivo de sempre eu voltar quando nos desentendiamos durante o namoro, Tinha perdido minha virgindade com ele aos 15 anos. Sempre que estávamos para romper, ele dizia que perante Deus estávamos casados e que não era pecado se nos respeitássemos como tal. E eu caia nessa cilada. Estavamos em jejum, fazendo orações, confessamos nossa queda. Agora ia dar certo. Não que estivesse satisfeita, mas me acomodei com a situação.

As vezes chorava muito. Mesmo sabendo que estava vivendo  com uma mente totalmente errada buscava forças em Deus, mas na minha alma e no pensamento eu estava carregada de tristeza.  E se um carro passasse e me levasse? se essa arvore caísse em cima de mim? Nas orações eu pedia que Deus fizesse algo acontecer para por fim na minha vida nesse mundo.

E foi assim que fiquei vivendo, em modo automático por um ano e meio. Em maio de 2014 quebrei todas as regras, perdi tudo o que era estável e cômodo na minha vida.

Mantive amizade com a Yananda, irmã do Bruno. Por perto de dezembro de 2013, um dia ela teve coragem de perguntar como as coisas aconteceram na minha relação com o irmão dela e eu contei. Ela me contou a versão dele da historia e ele nem imaginava o porque que eu sumi em 2012. Pensou que eu tinha preferido o casamento. Depois dela ter esclarecido meu "desaparecimento" pra ele, através do facebook o Bruno entrou em contato comigo. Fez uma declaração enorme, para resumir, dizia que me amava; eu li e ri porque pensei "é muito cara de pau mesmo, não basta minha vida estar uma merda lá vem esse individuo querendo me iludir" Fiquei com raiva! Dei uma resposta curta e grossa para que ele não me incomodasse mais.

Só que o problema foi depois disso. Quem disse que fiquei bem?

Continua

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